A JURISPRUDÊNCIA DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS SOBRE O CONFRONTO ENTRE A LIBERDADE DE EXPRESSÃO E O DIREITO À HONRA
Abstract
THE JURISPRUDENCE OF THE INTERAMERICAN COURT OF HUMAN RIGHTS REGARDING THE FREEDOM OF EXPRESSION VERSUS THE RIGHT TO REPUTATION
ÁREA(S) DO DIREITO: direitos fundamentais; direito internacional público.
RESUMO: O presente estudo visa a elucidar a orientação da Corte Interamericana de Direitos Humanos perante o julgamento de casos que versam sobre a colisão entre a liberdade de expressão e o direito à honra. Para tanto, será feito o exame do Sistema Interamericano de Direitos Humanos, do conteúdo dos direitos à honra e à liberdade de expressão, bem como do confronto entre tais direitos fundamentais, tendo por base a revisão de doutrinas nacional e internacional, da legislação e da jurisprudência sobre tais temas. Outrossim, serão analisados três acórdãos emblemáticos que compõem a jurisprudência da Corte versando sobre o assunto, quais sejam: Herrera Ulloa vs. Costa Rica, Ricardo Canese vs. Paraguai e Kimel vs. Argentina. Ao longo do estudo, serão discutidos os critérios utilizados pela Corte na interpretação do direito fundamental à liberdade de expressão – garantido pelo art. 13 do Pacto de São José da Costa Rica – e de sua ponderação com o direito fundamental à honra – previsto no art. 13.2 do mesmo documento –, tendo em vista o entendimento consolidado na Opinião Consultiva nº 5/85, no sentido de que a liberdade de expressão é direito que assume maior peso a priori em razão de sua maior dimensão social.
PALAVRAS-CHAVE: liberdade de expressão; direito à honra; direitos fundamentais; Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica); Corte Interamericana de Direitos Humanos.
ABSTRACT: This essay aims to elucidate the stance of the Inter-American Court of Human Rights before the trial of cases that deal with the collision between the freedom of expression and the right to reputation. This topic is hereby examined through the review of doctrine, legislation and jurisprudence regarding the Inter-American System of Human Rights, the content of the rights to reputation and freedom of expression, as well as the confrontation between both fundamental rights. In addition, three emblematic cases that make up the jurisprudence of the Court on the subject will be analyzed, namely: Herrera Ulloa vs. Costa Rica, Ricardo Canese vs. Paraguay and Kimel vs. Argentina. Throughout the study, the criteria used by the Court in interpreting the fundamental right to freedom of expression – guaranteed by article 13 of the Pact of San José de Costa Rica – and its opposition to the fundamental right to honor – provided for in article 13.2 of the same document – will be discussed in view of the understanding consolidated by Advisory Opinion nº 5/85, in the sense that freedom of expression is a right that assumes greater importance a priori because of its greater social dimension.
KEYWORDS: freedom of expression; right to reputation; fundamental rights; American Convention on Human Rights (“Pact of San Jose, Costa Rica”); Interamerican Court of Human Rights.
SUMÁRIO: Introdução; 1 A Corte Interamericana de Direitos Humanos; 2 O conflito entre a liberdade de expressão e o direito à honra; 3 Análise de jurisprudência da Corte Interamericana; 4 Considerações sobre os casos analisados; Conclusão; Referências.
SUMMARY: Introduction; 1 The Inter-American Court of Human Rights; 2 Freedom of expression versus right to reputation; 3 Analysis of the Court’s jurisprudence; 4 Comments on the cases analysed; Conclusion; References.
References
ALSTON, Philip; GOODMAN, Ryan. International Human Rights: the successor to international human rights in context: law, politics and morals: text and materials. Oxford: Oxford University Press, 2013.
ANDRADE, José Carlos Vieira de. Liberdade de expressão e direitos das pessoas. In: ARAGÃO, Alexandra et al. O direito e a cooperação ibérica II: II ciclo de conferências. Porto: Campo das Letras, 2006. p. 137-49.
ANDRADE, Manuel da Costa. Liberdade de imprensa e inviolabilidade pessoal: uma perspectiva jurídico-criminal. Coimbra: Coimbra, 1996.
ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito civil: teoria geral. 2. ed. Coimbra: Coimbra, v. 1, 2000.
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios – Da definição à aplicação dos princípios jurídicos. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2004.
BITTAR, Carlos Alberto. Os direitos da personalidade. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.
BRITO, Iolanda A. S. Rodrigues de. Liberdade de expressão e honra das figuras públicas. Coimbra: Coimbra, 2010.
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. Coimbra: Almedina, 2003.
______; MOREIRA, Vital. Constituição da República portuguesa anotada. Coimbra: Coimbra, v. 1, 2007.
CONSELHO DA EUROPA. Convenção para a Proteção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais, de 4 de novembro de 1950. European Court of Human Rights, Estrasburgo, 2015. Disponível em: <http://www.echr.coe.int/Documents/Convention_POR.pdf>. Acesso em: 19 abr. 2015.
COUTINHO, Francisco Pereira. O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem e a liberdade de imprensa: os casos portugueses. In: DUARTE, Maria Luísa; CASTRO, Alexandra Brízida de; MORAIS, Carlos Blanco de (Coord.). Media, direito e democracia: I curso pós-graduado em direito da comunicação. Coimbra: Almedina, 2014. p. 319.
DE CUPIS, Adriano. Os direitos da personalidade. Trad. Afonso Celso Furtado Rezende. Campinas: Romana, 2004.
FRANÇA. Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, de 26 de agosto de 1789. Embaixada da França no Brasil, Brasília, 2009. Disponível em: <http://www.ambafrance-br.org/A-Declaracao-dos-Direitos-do-Homem>. Acesso em: 9 jun. 2016.
GORENSTEIN, Fabiana. O sistema interamericano de proteção dos direitos humanos. In: LIMA JR., Jayme Benvenuto (Org.). Manual de direitos humanos: acesso aos sistemas global e regional de proteção dos direitos humanos. São Paulo: Loyola, 2002. p. 77-103.
MACHADO, Jónatas E. M. Direito internacional. 4. ed. Coimbra: Coimbra, 2013.
MARTINS, Ana Maria Guerra. Direito internacional dos direitos humanos. Coimbra: Almedina, 2013.
MARTINS, Paulo. O privado em público: direito à informação e direitos de personalidade. Coimbra: Almedina, 2013.
MILL, John Stuart. On Liberty. Kitchener: Batoche Books, 2001 (versão original publicada em 1859).
MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional: direitos fundamentais. 5. ed. Coimbra: Coimbra, t. IV, 2012.
MOTA, Francisco Teixeira da. A liberdade de expressão em Tribunais. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2013.
______. O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem e a liberdade de expressão: os casos portugueses. Coimbra: Coimbra, 2009.
NOVAIS, Jorge Reis. As restrições aos direitos fundamentais não expressamente autorizadas pela Constituição. 2. ed. Coimbra: Coimbra, 2010.
ORGANIZAÇÃO DA NAÇÕES UNIDAS (ONU). Declaração Universal dos Direitos do Homem, adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas na sua Resolução 217ª (III) de 20 de dezembro de 1948. Procuradoria-Geral da República, Lisboa, Direitos Humanos: compilação de instrumentos internacionais, v. 1, p. 63-68, jul. 2008.
______. Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas na sua resolução 2200A (XXI) de 16 de dezembro de 1966. Procuradoria-Geral da República, Lisboa, Direitos Humanos: compilação de instrumentos internacionais, v. 1, jul. 2008, p. 80-97.
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OAS). Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica), adotada pela Secretaria Geral da OAS em San José, na Costa Rica, em 22 de novembro de 1969. Washington: Organization of American States (OAS), 2015. Disponível em: <http://www.oas.org/dil/treaties_B-32_American_Convention_on_Human_Rights.pdf>. Acesso em: 23 maio 2015.
______. Carta Democrática Interamericana, adotada pela Assembleia Geral da OAS em Lima, no Peru, em 11 de setembro de 2001. Washington: Organization of American States (OAS), 2015. Disponível em: <http://www.oas.org/OASpage/eng/Documents/Democractic_Charter.htm>. Acesso em: 25 maio 2015.
______. Corte Interamericana de Direitos Humanos (IDH). Parecer Consultivo OC-5/85: O registro profissional obrigatório de jornalistas (artigos 13 e 29 da Convenção Americana de Direitos Humanos). Corte Interamericana de Derechos Humanos, San José, 13 de novembro de 1985. Disponível em: . Acesso em: 25 maio 2015.
______. Corte Interamericana de Direitos Humanos (IDH). Caso Herrera Ulloa v. Costa Rica. Corte Interamericana de Derechos Humanos, San José, 2 de julho de 2004. Disponível em: <http://corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_107_ing.pdf>. Acesso em: 25 maio 2015.
______. Corte Interamericana de Direitos Humanos (IDH). Caso Ricardo Canese v. Paraguay. Corte Interamericana de Derechos Humanos, San José, 31 de agosto de 2004. Disponível em: <http://corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_111_ing.pdf>. Acesso em: 25 maio 2015.
______. Corte Interamericana de Direitos Humanos (IDH). Caso Kimel v. Argentina. Corte Interamericana de Derechos Humanos, San José, 2 de maio de 2008. Disponível em: <http://corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_177_ing.pdf>. Acesso em: 25 maio 2015.
______. ABC de La Corte Interamericana de Derechos Humanos. San José: Corte Interamericana de Derechos Humanos, 2014. Disponível em: <http://www.corteidh.or.cr/tablas/abccorte/abc/index.html#1>. Acesso em: 22 maio 2015.
______. Special Rapporteurship for Freedom of Expression. San José: Corte Interamericana de Derechos Humanos, 2015. Disponível em: <http://www.oas.org/en/iachr/expression/index.asp>. Acesso em: 24 maio 2015.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2005.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho licenciado simultaneamente sob uma Licença Creative Commons Attribution [6 meses] após a publicação, permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) somente seis meses após a efetiva publicação na Revista, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).