BIG DATA DA ÁGUA: TECNOLOGIA E INFORMAÇÃO NA PROTEÇÃO E EFETIVAÇÃO DO DIREITO FUNDAMENTAL DE ACESSO À ÁGUA POTÁVEL

BIG DATA DA ÁGUA: TECNOLOGIA E INFORMAÇÃO NA PROTEÇÃO E EFETIVAÇÃO DO DIREITO FUNDAMENTAL DE ACESSO À ÁGUA POTÁVEL

Autores

Resumo

BIG DATA FROM WATER: TECHNOLOGY AND INFORMATION IN THE PROTECTION AND EFFECTIVENESS OF THE FUNDAMENTAL RIGHT OF ACCESS TO DRINKING WATER

ÁREA(S): direito constitucional; direito ambiental; tecnologia ambiental.

RESUMO: O texto tem como objetivo estudar, a partir do Direito brasileiro, o big data da água como instrumento tecnológico importante para a proteção e efetivação do direito fundamental de acesso à água potável. O problema da pesquisa circunda a precariedade de saneamento básico e o reconhecimento do direito de acesso à água potável. O estudo afirma que, embora esse direito não esteja expresso na Constituição brasileira, o aparato institucional vigente é suficiente para garanti-lo, pois pertence à categoria dos direitos fundamentais. Dessa forma, a ação do poder público e dos particulares vincula-se a esse direito, frente aos usos múltiplos da água. Adotou-se o método hipotético-dedutivo, com o uso de fontes bibliográficas e documentais. Com vistas ao desenvolvimento sustentável, conclui-se que as tecnologias (big data) contribuem para solucionar os problemas ambientais e evitar os riscos que ameaçam a proteção da água potável.

ABSTRACT: The purpose of this research is to study, based on Brazilian law, the big data of water as an important technological instrument for the protection and realization of the fundamental right of access to drinking water. The problem presented in this research surrounds the precariousness in basic sanitation facilities and the recognition of the right to access potable water. This study claims that, although this right is not present in Brazilian Constitution, the current institutional procedures are enough to its guarantee, because it belongs to the fundamental rights categories. Based on that, the actions of the public authorities and the private ones are connected to this right faced to the multiple water usages. It was applied the hypothetical-deductive method based on the bibliography and documental materials. Based on sustainable development, it is concluded that the technologies contribute to solving environmental problems and avoiding risks that menace the protection from potable water.

PALAVRAS-CHAVE: direito fundamental de acesso à água potável; efetivação; tecnologias ambientais.

KEYWORDS: fundamental rights to access potable water; effectiveness; environmental technologies.

SUMÁRIO: Introdução; 1 Crise hídrica e o direito fundamental de acesso à água potável: para além dos 12% das reservas brasileiras; 2 Saneamento básico no Brasil: o novo regime jurídico; 3 Big data da água como instrumento tecnológico de proteção e efetivação do direito de acesso à água potável; Conclusões articuladas; Referências.

SUMMARY: Introduction; 1 Water crisis and the fundamental right to access to potable water: beyond the 12% of Brazilian reserve; 2 Basic sanitation facilities in Brazil: the new legal regime; 3 Big data from water as a technology instrument of protection and effectiveness of fundamental rights to access potable water; Articulated conclusions; References.

Biografia do Autor

Deise Marcelino da Silva, Programa de Mestrado Profissional em Direito, Sociedade e Tecnologias da Escola de Direito das Faculdades Londrina/PR

Doutora em Direito Ambiental Internacional pela UNISANTOS (2017). Mestre em Direitos da Personalidade pelo CentroUniversitário de Maringá/PR - UNICESUMAR (2010). Especialização em Docência no Ensino Superior (UNICESUMAR). Pós-graduada em Direito Ambiental e Sustentabilidade pelo Instituto de Direito Constitucional e Cidadania - IDCC/Londrina (2012).Coautora do livro: "Acesso à água potável: direito fundamental de sexta dimensão", 3 edição. Editora THOTH: Londrina, 2017.Autora do livro: "Direito Ambiental Internacional: regime jurídico das águas subterrâneas transfronteiriças e o AquíferoGuarani", Editora THOTH: Londrina, 2017. Membro da Comissão de Meio Ambiente da OAB de Maringá. Professora da graduação e do Programa de Mestrado Profissional em Direito, Sociedade e Tecnologias da Escola de Direito das Faculdades Londrina/PR. Advogada.

Maria Luiza Machado Granziera, Programa de Mestrado e Doutorado em Direito Ambiental da Universidade Católica de Santos-UNISANTOS.

Professora associada do Programa de Mestrado e Doutorado em Direito Ambiental da Universidade Católica de Santos-UNISANTOS. Possui graduação em Direito pela Universidade de São Paulo (1980), mestrado em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo (1988) e doutorado em Direito (Departamento de Direito Econômico e Financeiro) pela Universidade de São Paulo (2000). É especialista em direito administrativo e ambiental com ênfase em direito de águas, atuando principalmente em recursos hídricos, meio ambiente, saneamento, contratos públicos, concessões e licitações. E-mail: marialuiza.granziera@gmail.com. Lattes ID: http://lattes.cnpq.br/8528042411984286

Referências

AGÊNCIA EUROPEIA DO AMBIENTE. Sobre tecnologia ambiental. Disponível em: https://www.eea.europa.eu/pt/themes/technology/about. Acesso em: mar. 2021.

AKABANE, Getulio K.; POZO, Hamilton. Inovação, tecnologia e sustentabilidade: histórico, conceitos e aplicações. São Paulo: Érica, 2020.

ANDRADE SOBRINHO, Renavan; BORJA, Patrícia Campos. Gestão das perdas de água e energia em sistema de abastecimento de água da Embasa: um estudo dos fatores intervenientes na RMS. Disponível em: https://www.scielo.br/j/esa/a/BhgFHQQ3TZ84xXYfgRk8Dvt/?lang=pt#. Acesso em: 14 jul. 2021.

ASA – Articulação Semiárido Brasileiro. Programa 1 Milhão de Cisternas. Disponível em: https://www.asabrasil.org.br/acoes/p1mc. Acesso em: 16 jul. 2021.

BENJAMIN, Antonio Herman de Vasconcellos e. Direito constitucional ambiental brasileiro. In: CANOTILHO, José Joaquim Gomes; LEITE, José Rubens Morato (Org.). Direito constitucional ambiental brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2007. Parte II.

BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Campus, 1992.

BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 24 ed. São Paulo: Malheiros, 2009.

BOOKCHIN, Murray. Ecologia social, p. 9. Disponível em: http://www.ia.ufrrj.br/ppgea/conteudo/conteudo-2007-2/T1-2SF/Luis/EcologiaSocial.doc. Acesso em: jan. 2021.

BRASIL. ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico. Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil 2017: relatório pleno. Brasília: ANA, 2017, p. 127. Disponível em: http://www.snirh.gov.br/portal/snirh/centrais-de-conteudos/conjuntura-dos-recursos-hidricos/conj2017_rel-1.pdf. Acesso em: dez. 2020.

______. ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico. ODS 6 no Brasil: visão da ANA sobre os indicadores, 2019, p. 10. Disponível em: https://www.ana.gov.br/acesso-a-informacao/institucional/publicacoes/ods6/ods6.pdf. Acesso em: 20 jul. 2021.

______. ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico. Plano Nacional de Segurança Hídrica. Brasília: ANA, 2019. Disponível em: https://arquivos.ana.gov.br/pnsh/pnsh.pdf. Acesso em: jul. 2021.

______. ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico. Sistema de informações sobre recursos hídricos. Brasília: ANA, 2020. Disponível em: https://www.snirh.gov.br/portal/centrais-de-conteudos/conjuntura-dos-recursos-hidricos/encarte-sistema-de-informacoes-snirh. Acesso em: dez. 2020.

______. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Pesquisa nacional de saneamento básico 2017: abastecimento de água e esgotamento sanitário/IBGE, Coordenação de População e Indicadores Sociais. Rio de Janeiro: IBGE, 2020. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101734.pdf. Acesso em: 16 jul. 2021.

______. Lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/l14026.htm. Acesso em: jan. 2021.

______. Ministério do Desenvolvimento Regional. Programa Água Doce. Disponível em: https://www.gov.br/mdr/pt-br/assuntos/seguranca-hidrica/programa-agua-doce. Acesso em: 16 jul. 2021.

______. Política Nacional de Recursos Hídricos – Lei nº 9.433/1997. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm. Acesso em: dez. 2020.

______. Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos em Matéria de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Decreto nº 3.321, de 30 de dezembro de 1999. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3321.htm. Acesso em: dez. 2020.

______. Supremo Tribunal Federal. Pleno. ADIn-MC 3.540/DF. Rel. Min. Celso de Mello, J. 01.09.2005. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?id=387260. Acesso em: mar. 2021.

BREGGIN, Linda; AMSALEM, Judith. Big data and environmental protection: an initial survey of public and private initiatives. Washington: Environmental Law Institute, 2014. Disponível em: https://www.eli.org/sites/default/files/eli-pubs/big-data-and-environmental-protection.pdf. Acesso em: dez. 2020.

CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Princípio da sustentabilidade como princípio estruturante do direito constitucional. Revista de Estudos Politécnicos (Polytechnical Studies Review), v. VIII, n. 13, 007-018, 2010.

CANOTILHO, José Joaquim Gomes; MENDES, Gilmar Ferreira; SARLET, Ingo Wolfgang; STRECK, Lenio Luiz (Coordenação Científica); LEONCY, Léo Ferreira (Coordenação Executiva). Comentários à Constituição do Brasil. 2. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.

CANTERLE, Eliete Regina Bertazzo. Recursos hídricos e saneamento ambiental: novas tecnologias como ferramentas para a sustentabilidade. In: A tecnologia em prol do meio ambiente: a partir de uma análise multidisciplinar. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2016.

COMMONER, Barry. The closing circle: nature, man, and technology. New York: Dover Publications, 2020.

COSTA, Hirdan Katarina de Medeiros. Quarta Revolução Industrial e o Estado brasileiro: ciência, tecnologia e inovação. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2020.

DOSI, Giovanni. Technological paradigms and technological trajectories. Revista Brasileira de Inovação, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, jan./jun. 2006. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rbi/article/view/8648922/15468. Acesso em: maio 2021.

ECO, Umberto. Como se faz uma tese em ciências humanas. 13. ed. Lisboa: Editorial Presença, 2007.

FACHIN, Zulmar; SILVA, Deise Marcelino da. Acesso à água potável: direito fundamental de sexta dimensão. 3. ed. Londrina: Thoth, 2017.

GAMBA, João Roberto Gorini. Democracia e tecnologia: impactos da quarta revolução industrial. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2020.

GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito ambiental. 5. ed. Indaiatuba: Foco, 2019.

GUILLERMO, Foladori. Limites do desenvolvimento sustentável. Trad. Marise Manoel. Campinas: Editora da Unicamp: Imprensa Oficial, 2001.

HAWKEN, Paul; LOVINS, Amory; LOVINS, L. Hunter. Capitalismo natural: criando a próxima revolução industrial. Trad. Luiz A. de Araújo, Maria Luiza Felizardo. São Paulo: Cultrix, 2007.

KRUG, Thelma. Tecnologia espacial como suporte à gestão dos recursos naturais. Parcerias estratégicas, n. 7, 1999. Disponível em: http://seer.cgee.org.br/index.php/parcerias_estrategicas/article/viewFile/90/83. Acesso em: jul. 2021.

MARTINEZ, J. M.; VENTURA, D.; COCHONNEAU, G.; DE OLIVEIRA, E.; PISCOYA, R. E., 2015. Monitoring of water quality and water level of rivers and lakes in Brazil: towards a remote sensing-based operational monitoring application at the Brazilian National Water Agency. In: Applications of Satellite Earth Observations: Serving Society, Science, & Industry − Committee on Earth Observation Satellites Data Application Report (DAR), p. 100-103. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/292995610_Monitoring_of_water_quality_and_water_level_of_rivers_and_lakes_in_Brazil_towards_a_remote_sensing-based_operational_monitoring_application_at_the_Brazilian_National_Water_Agency. Acesso em: 7 jul. 2021.

MOLINARO, Carlos Alberto; LEAL, Augusto Antônio Fontanive. Big data, machine learning e a preservação ambiental: instrumentos tecnológicos em defesa do meio ambiente. Veredas do Direito, Belo Horizonte, v. 15, n. 31, p. 201-224, jan./abr. 2018. Disponível em: http://www.domhelder.edu.br/revista/index.php/veredas/article/view/1142. Acesso em: jan. 2021.

NAKICENOVIC, Nebojsa; ROCKSTRÖM, Johan; GAFFNEY, Owen; ZIMM, Caroline. Global Commons in the Anthropocene: World Development on a Stable and Resilient Planet. International Institute for Applied Systems Analysis, 2016, p. 8. Disponível em: https://www.iucn.org/sites/dev/files/global_commons_in_the_anthropocene_iiasa_wp-16-019.pdf. Acesso em: 14 jul. 2021.

OLIVEIRA, Raul Miguel Freitas de. A titularidade dos serviços de saneamento básico na lei de atualização do marco legal do saneamento básico, p. 161. In: OLIVEIRA; Carlos Roberto de; GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Novo marco do saneamento básico no Brasil. Indaiatuba: Foco, 2021.

ONU. Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (1972), Princípio 18. Disponível em: http://www.un-documents.net/aconf48-14r1.pdf. Acesso em: jan. 2021.

POMPEU, Cid Tomanik. Água doce no Direito brasileiro. In: REBOUCAS, Aldo da C.; BRAGA, Benedito; TUNDISI, José Galizia (Org. e Coord.). Águas doces no Brasil: capital ecológico, uso e conservação. 3. ed. São Paulo: Escrituras, 2006.

PRIEUR, M. O princípio da proibição de retrocesso ambiental. In: BRASIL. Congresso Nacional. Senado Federal. Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle. O princípio da proibição de retrocesso ambiental. Brasília: Senado Federal, 2011.

REYMÃO, Ana Elizabeth; ABE SABER, Bruno. Acesso à água tratada e insuficiência de renda: duas dimensões do problema da pobreza no Nordeste brasileiro sob a óptica dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Revista Iberoamericana de Economía Ecológica, v. 12, 1-15, p. 3, 2009. Disponível em: http://www.redibec.org/IVO/rev12_01.pdf. Acesso em: dez. 2020.

SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 12. ed. rev., atual e ampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015.

SCHWAB, Klaus. A quarta revolução industrial. Trad. Daniel Moreira Miranda. São Paulo: Edipro, 2016.

SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. 11. ed. atual. São Paulo: Malheiros, 2019.

SIMON, J.; KAHN, H. The resourceful Earth. A response to Global 2000. Nova York, Oxford: Basil Blackwell, 1984.

TRATA BRASIL. Painel Saneamento. Disponível em: https://www.painelsaneamento.org.br/site/index. Acesso em: 13 jul. 2021.

UNIVERSIDADE DAS NAÇÕES UNIDAS. O impacto da tecnologia nos direitos humanos: estudos de caso globais, 1993. Disponível em: https://archive.unu.edu/unupress/unupbooks/uu08ie/uu08ie00.htm. Acesso em: dez. 2020.

VIOLA, Eduardo. ODS: desafios para o planejamento e a governança ambiental na Macrometrópole Paulista. Org. por Klaus Frey, Pedro Henrique Campello Torres, Pedro Roberto Jacobi e Ruth Ferreira Ramos. Santo André/SP: EdUFABC, 2020.

WEERAMANTRY, C. G. The Slumbering Sentinels – Law and Human Rights in the Wake of Technology. Penguin Books Ltda., 1983.

Downloads

Publicado

2022-05-30

Como Citar

SILVA, D. M. da; GRANZIERA, M. L. M. BIG DATA DA ÁGUA: TECNOLOGIA E INFORMAÇÃO NA PROTEÇÃO E EFETIVAÇÃO DO DIREITO FUNDAMENTAL DE ACESSO À ÁGUA POTÁVEL. Revista da AJURIS - QUALIS A2, [S. l.], v. 48, n. 151, p. 61–90, 2022. Disponível em: http://revistadaajuris.ajuris.org.br/index.php/REVAJURIS/article/view/1249. Acesso em: 3 maio. 2024.

Edição

Seção

DOUTRINA NACIONAL
Loading...